Só casos de
urgência são atendidos em unidade de saúde (veja Vídeo)
O Conselho
Regional de Enfermagem (Coren) promoveu a interdição ética parcial no Hospital
Regional de Nossa Senhora do Socorro. A interdição ética ocorreu na manhã desta
sexta-feira, 22. Como consequência, estão sendo atendidos apenas os casos de
urgência e emergência no pronto socorro da unidade.
O comunicado à
direção do Hospital Regional e à Secretaria de Estado da Saúde foi feito
pessoalmente pela presidente do Conselho Regional de Enfermagem Gabryella
Garibalde Santana Resende. Ela explica que a interdição ética ocorre devido à
falta de segurança na unidade, que já registrou vários casos de ameaças aos
profissionais que trabalham naquele hospital.
Aos jornalistas
que acompanharam o ato de interdição ética, a presidente do Coren informou que
a superintendência do hospital e os gestores da Secretaria de Estado da Saúde e
da Fundação Hospitalar de Saúde foram notificados em dois momentos distintos com
o objetivo de corrigir as deficiências detectadas nas sucessivas fiscalizações
realizadas pelo Conselho.
Segundo a
presidente, a primeira notificação ocorreu no dia primeiro deste mês e a
segunda no último dia 11. Apesar das notificações, segundo a presidente do
Coren, as deficiências permaneceram. “A interdição ética é o último recurso”,
ressaltou a presidente, destacando que as atividades só serão normalizadas
quando as deficiências forem corrigidas.
Nota
A Fundação
Hospitalar de Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde se manifestaram em nota
encaminhada à imprensa. Na nota, a diretoria executiva da Fundação Hospitalar
de Saúde observa que a intervenção “configura um ato de abuso” e que a
interdição é um ato político que passa pelo interesse no processo eleitoral
para a escolha da nova diretoria. “Esta medida visa resgatar parte da
legitimidade perante a categoria. Se tal medida o Coren quiser adotar nos
demais hospitais públicos e privados, como ficará o atendimento à população
sergipana nos hospitais?”, questiona a FHS, na nota.
A Secretaria de
Estado da Saúde (SES) informou que recebeu solicitação do Conselho Municipal de
Saúde de Nossa Senhora do Socorro para reforçar a segurança na unidade. “A
demanda foi encaminhada à Secretaria de Segurança Pública, já que, apesar dos
vigilantes que trabalham na unidade, eles pedem um posto policial”, informa a
secretaria, na nota.
A Secretaria de
Estado da Saúde orienta pacientes, nos casos que não configuram emergência, a
procurarem atendimento nas unidades de atenção básica. “Estão atendidos apenas
casos de urgência e emergência no pronto socorro, enquanto durar a interdição,
que é a atribuição da unidade. Casos ambulatoriais devem ser absorvidos pela
atenção básica, através dos postos e clínicas de saúde, como deve ser a
rotina”, considera a secretaria, na nota.
Os gestores
advertem que os demais serviços do hospital, a exemplo da maternidade e a
realização de cirurgias eletivas, funcionam normalmente.
Em relação à
segurança, na nota o diretor operacional Wagner Andrade esclarece que a
Fundação Hospitalar de Saúde tem contrato com empresa de segurança, “tendo
diuturnamente, dois seguranças naquela unidade e que foi firmado um acordo com
SSP que proporcionou rondas periódicas e patrulhamento naquela unidade hospitalar
e que surtiram efeito em função de não ter sido registrado nenhum incidente”.
A FHS informa
que está aguardando o ato de interdição para análise e providencias necessárias
para efetivar a desinterdição.
CRM
A equipe do
Conselho Regional de Medicina (CRM) também realizou fiscalização no hospital na
manhã desta sexta-feira, 22. A presidente do CRM, Rosa Amélia Dantas, informou
que as atividades dos médicos na unidade também ficarão comprometidas com a
interdição ética do Coren. “Médicos não podem trabalhar sem enfermeiros”,
observou.
Durante a
fiscalização, os representantes do CRM ouviram relatos da médica Isabel
Cristina Brasão Froz, que destacou várias ocorrências de ameaças, que envolvem
disparos de arma de fogo contra a equipe e xingamentos. “Um paciente trouxe até
um cachorro para nos intimidar”, relatou.
A presidente do
CRM informou que está colhendo as evidências e as provas, a exemplo dos
Boletins de Ocorrência registrados na Polícia Civil, para concluir o relatório
e as medidas que deverão ser adotadas. O CRM também não descarta a
possibilidade de interdição ética em decorrência da falta de segurança, da
escassez de medicamentos e também pela falta de equipamentos para a prestação
do atendimento.
Por Cássia Santana